Legião de Maria: O homem é o único animal que pode sentir-se aborrecido

O homem é o único animal que pode sentir-se aborrecido



           “O homem é o único animal que pode sentir-se aborrecido”. Inicio este texto concordando com esta afirmação, mas ao mesmo tempo sei que é preciso haver uma explanação do que isto significa afim de que ela seja compreendida, pois mesmo em tão pequena frase existem vários problemas como a pergunta: Só o homem sente?
Ora, somente o ser humano tem a capacidade de sentir emoções como o aborrecimento, a tristeza, entre outras, porque o homem tem inteligência, isto é, pensa e raciocina, conforme nos diz São Tomás de Aquino[i]:
“Encontram-se assim seres que só têm as faculdades vegetativas: as plantas; outros que têm, a mais, a faculdade sensitiva, mas sem ser dotados de motricidade: os animais inferiores; outros ainda que, a mais, têm a faculdade de se mover: os animais superiores que vão por si à busca do que lhes é necessário para viver; outros enfim que possuem, a mais, a inteligência: os homens.” (Gardeil, 1967)
Enquanto os animais simplesmente vivem e buscam sobreviver, o ser humano pensa e por isto vê além, quero dizer que o animal sente, mas o sentir animal é um sentir concreto, isto é, o animal sente apenas aquilo que vê concretamente, ou seja, com seus olhos materiais ou da carne, enquanto o homem sente aquilo que não vê, ele pensa sua própria existência e pensa aquilo que é transcendente a ele, Deus. Foi por isso que o mesmo Tomás disse:intellectus est universullium, sensos est particularium (a inteligência tem por objeto o universal, enquanto o sentido atinge somente o singular). Assim o animal vê a planta, mas somente o humano, por pensar, tem uma noção geral da planta. Vejamos um exemplo: os primatas.
Quando uma família de macacos perde um dos seus toda a família fica em volta dele e ‘chora’, pois  que aquele morreu. Aí está a grande diferença: os animais sentem, porque veem. Eles não raciocinam, eles agem pelos seus sentidos e instintos e é por isso que ‘a espécie humana está no topo da inteligência de milhões de espécies na natureza’ (Cury, 2006).
O ser humano pensa sua existência e a existência daquilo que está além dele. O homem sabe que existe. Ele duvida de tudo, ele pergunta e questiona, essa é uma capacidade humana extraordinária que mais nenhum ser tem nem mesmo o mais evoluído primata ou o mais moderno computador. Foi partindo desse pensamento que René Descartes[ii] disse: “Puisque je doute, je pense; puisque je pense, j'existe” (desde que eu penso, eu existo, porque eu acho que existo).


Cogito, ergo sum (Penso, logo existo).

Assim, pelo fato de pensarmos e raciocinarmos nós temos a capacidade nos sentirmos tristes, aborrecidos, felizes, satisfeitos. Em uma de suas obras o autor Dr. Augusto Cury[iii] nos diz:
“Imagine como deve ser complexa a atuação dos fenômenos psíquicos responsáveis pela nossa capacidade de amar, de chorar, de ter esperança, de antecipar situações do futuro, de resgatar experiências passadas” (Cury, 2006).
            Portanto, todas as capacidades que temos e só nós temos são frutos da inteligência humana, da nossa mente complexa. Mente esta que ao nos aprofundarmos encontramos um ‘lugar’ de Deus, o espírito. A alma humana é a mais perfeita da natureza, pois foi nela foi depositada amor. Essa é então a grande explicação que os judeus e os cristãos dão a criação do homem “a imagem e semelhança de Deus”.


[i] São Tomás de Aquino (1225 – 1274), padre dominicano, filósofo e teólogo, distinto expoente da escolástica. Proclamado santo e cognominado Doctor Communis pela Igreja Católica. Sua obra magna foi a ‘Suma Teológica’.
[ii] René Descartes (1596 – 1650), filósofo, físico e matemático francês. Racionalista e considerado por alguns como o pai da matemática moderna. Sua principal obra foi ‘O discurso sobre o método’ (1637).
[iii] Dr. Augusto Cury (1958) é médico, psiquiatra, psicoterapeuta e escritor brasileiro. Desenvolveu a teoria da inteligência multifocal expondo o funcionamento da mente humana no processo de construção do pensamento. É doutor honoris causa pela UNIFIL (Centro Universitário Filadélfia, em Londrina, Paraná) e membro de honra da Academia de Sobredotados do Instituto da Inteligência, da cidade do Porto, Portugal.

Escrito por Pércio Lopes Neto
Administrador do blog Legião de Maria - Juventude de Rio Grand
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